Todo dia é dia de alguma coisa: aniversário, tragédia, salário atrasado, lembrança de quem foi, expectativa de quem há de vir, seu aniversário de namoro, o vencimento daquela prestação, nascimento de alguém famoso, show daquele cantor que você sempre quis ver, prova de matemática; todo dia é o dia de algum dia. Hoje é, também, o dia da poesia. E daí? Poesia para quê? Lembro que o Manoel de Barros diz que aquilo que não serve para nada, é ótimo para poesia . Gosto de pensar assim, sob a beleza das coisas inúteis. Poesia vale para quase tudo, só não vale para aquilo cujo nada vale. Há poesia em muita coisa, em muita gente, em muito lugar. Há poesia no caos das paisagens urbanas, nos rosto de uma criança que acredita que o mundo inteiro é dela – um dia ela vai lutar para realmente acreditar nisso – há poesia na saudade das mães, que guardam as primeiras provas e desenhos dos filhos, há poesia naquela imagem que a gente viu e não fotografou. Há poesia no que não há. Sempre que c...