Termino de ler On The Road , aos trinta e poucos anos, com a estranha sensação de já ter feito quase tudo do livro e, ao mesmo tempo, com a vontade sincera e melancólica de pôr o pé da estrada, aí penso no emprego, nas contas, na comida na geladeira e todas as coisas passageiras, com prazo de validade. Ao fundo, vem da casa do vizinho um Guns N’Roses enfadonho e um rock berrante que, deveras, ele que não sabe nem bem o português, não deve entender patavina do que está sendo dito. Assim, eu penso realmente que algo está errado, ou certo demais – mas assim é a vida, feita de extremos estranhos e belos. No fim das contas, tudo está sempre certo e sempre pronto a dar errado ou muito errado, mas a um passo de dar certo, a escolha é nossa e mesmo essa certeza varia, é quase uma variável tão bela e constante feito o pôr-do-sol, um infinito conflito diário que nos leva pra frente. Lembro que esse On The Road eu peguei com o Assaí Campelo – iluminador, e, às vezes, iluminado, do Theatro ...